Um brinde
- Neris Reis
- Dec 16, 2022
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um brinde a todos imundos a todos os frequentadores
de copos sujos
a todos os malfeitores dos bares dos submundos aos ignorantes de fatos e fatores em tragos e goles mudos
a todos os credores que não param enquanto não veem os fundos do poço de amarelas cores dos copos molambo-americanos
um brinde a todos os detratores de afetos e egos feridos de futebóis, sofredores que insistem no errado do humano, os errantes onde todos são igualados do opressor aos oprimidos dos que nunca se dão por vencidos
um brinde, meu chapa mas por favor, esqueça as suas amantes e chame seus camaradas hoje é dia de celebrar a noite dos invisíveis que jamais aqui serão esquecíveis no alto de seus brados retumbantes
um brinde àqueles sócios que anotam a conta nas cadernetas sortudos que são na hora do ócio brindarão todos às saideiras em plenas segundas-feiras louvando a Deus e ao capeta
um brinde de cachaça de qualidade duvidosa de jararaca conservada um brinde de cerveja estupidamente chocada aquela aguada, vira-lata engarrafada
um brinde na mesa de sinuca um brinde aos filósofos de ocasião aos comunistas da revolução aos velhos saudosistas e aos garçons, por que não?
aos jovens e suas catuabas aos sambistas em suas batucadas aos adúlteros em confissão
um brinde, senhoras e senhores e se hoje eu me morrer que seja de mágoas afogadas no fogo de novos ou antigos amores tanto faz desde que seja neste copo sujo o único que me satisfaz às quatro e meia da madrugada
um brinde a todos imundos a todos os frequentadores de copos sujos
Olha só que voltou.
Um brinde!
Um brinde!